Muito frequente na população, especialmente em mulheres e crianças, a anemia ferropriva, um dos sete tipos desta patologia, não deve ser vista como uma questão menor no cuidado com a saúde. Um organismo com déficit de ferro pode sentir dor óssea e muscular, tontura, fraqueza, esquecimento, entre outros sintomas que prejudicam o bem-estar. A investigação médica abrangente é o indicado para diagnóstico e tratamento.
Quando a falta de ferro ocorre na infância, pode afetar o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Em casos graves, seja qual for a idade, há perda biológica do organismo, diminuição da imunidade e da produção de substâncias articulares, que facilitam os movimentos. Afeta a oxigenação do cérebro e de outras partes do organismo, fazendo com que a pessoa fique debilitada em seu conjunto metabólico.

Segundo o hematologista José Geraldo Bezerra, especialista que atende pelo Ipesaúde, a alta miscigenação genética da população brasileira é fator que contribui para a grande prevalência de alguns tipos de anemias. “Quando é por carência de ferro, temos que investigar primeiro o depósito de ferro dela, as enzimas que trabalham nisso, no caso a ferritina e as transferrinas, que fazem a movimentação do ferro no metabolismo e as carências de substâncias complementares para a absorção do ferro, que é a vitamina B12, o ácido fólico”, informa o médico da rede credenciada.
De acordo com Bezerra, em casos mais graves o tratamento vai requerer administração de medicação injetável. “Se o paciente tiver, por exemplo, um defeito intestinal e não absorver bem o ferro. Em mulheres é muito comum, por causa das perdas hemorrágicas menstruais. É necessário injetar ferro ou via oral, que é um meio difícil porque a absorção não é fácil, e o melhor caminho é injetar na veia”, esclarece o médico.
Males da anemia
A jornalista Franciele Nonato está finalizando seu tratamento contra a deficiência de ferro e segue na investigação da causa do problema. Acompanhada por múltiplos profissionais como ginecologista, endocrinologista e nutrólogo do Ipesaúde, tudo indica que a anemia tenha surgido por conta do alto fluxo sanguíneo menstrual após a colocação do Diu de cobre. Mas ela também admite que não vinha se alimentando tão adequadamente quanto deveria. Os sintomas da doença e o tratamento causaram custos e alterações em sua vida.

“Prejudicou bastante a minha rotina. Eu trabalho de forma híbrida no interior de Sergipe e preciso dirigir. Infelizmente já peguei estrada com picos de tontura e não sabia identificar, ficava em dúvida se tinha relação a minha pressão, era algo muito estranho. Durante o dia eu tinha umas três, quatro tonturas muito rápidas, que me deixavam extremamente perdidas no sentido de temporalidade e de espacialidade. Por conta dessas tonturas e também porque estou fazendo consultas periódicas. A endocrinologista percebeu e me indicou o ferro injetável e em comprimido”, revela, acrescentando que também sentia muito sono e um cansaço além do normal.
Carência nutricional
A má nutrição, com alimentação deficitária de alimentos ricos em ferro, é outro fator de risco. A anemia ferropriva é a que as pessoas mais conhecem, por ser a mais comum, ocorre pela baixa concentração deste nutriente no organismo. A nutricionista clínica Alessandra Gonzaga informa que são casos muito comuns em seu consultório, no centro de Endocrinologia do Ipesaúde.
“Até por baixa ingestão mesmo, mas não só pela alimentação, pode ter sido por um fluxo de menstruação muito forte, pode ser interação medicamentosa, infelizmente tem medicações que atrapalham a deficiência de alguns micronutrientes, pode ser algum problema intestinal, alguma doença autoimune, alguma intolerância, que vai atrapalhando também a absorção desse ferro”, informa Alessandra.
Mesmo que nem todos os casos sejam solucionados somente com alimentação, é sempre muito bom associar a boa nutrição ao tratamento medicamentoso. “A nossa maior fonte de ferro está em carnes vermelhas, proteínas animais, pode ser vísceras de frango, a carne vermelha em si, ovos, frutos do mar também são bem ricos em ferro e tem os legumes verdes escuros”, detalha a profissional.
Alimentação rica em ferro

Muita gente pensa que o alimento mais rico em ferro é a beterraba, mas a nutricionista alerta que isso é mito. São as verduras verdes escuras as campeãs no nutriente. “Espinafre, couve, brócolis são uma excelente fonte de ferro, principalmente se ela for associada à vitamina C, porque elas vão se ligar e a gente vai conseguir aumentar a biodisponibilidade do ferro, absorvendo muito melhor”, pontua Alessandra, chamando a atenção para a importância da alimentação equilibrada, independentemente do quadro clínico.
“Não existe um alimento específico que consiga salvar todo mundo, mas um pouquinho de cada coisa a gente consegue equilibrar. Quanto mais colorida, melhor a dieta. Cada cor de um alimento é mais rica em uma vitamina específica. No caso do ferro, eles são mais ricos nos alimentos escuros. No almoço, por exemplo, podemos colocar uma carne vermelha grelhada, com uma salada verde, suco de limão ou então com uma laranja pra ingerir com o bagaço, e assim já vai estar absorvendo muito melhor o ferro”, completa a nutricionista do Ipesaúde.

